A Parteira segurava o bebê nas mãos, embrulhado em um pano de seda vermelho, sem duvidas era um garoto, o filho do Rei, o qual estava quieto e cabisbaixo, sentado em uma cadeira de madeira, sua esposa acabará não resistindo e morrendo no parto, a Parteira entregou o bebê para ele e se afastou, estava assustada, olhava fixamente para a barriga aberta da Rainha, seu corpo estendido na cama, o cheiro de carne fumegando que saia era insuportável, seus olhos lacrimejavam enquanto ela chamava o bebê de corrompido e rezava, o Rei levantou a cabeça e olhou para o filho, seu rosto se tornou sério:
- Ele vai se chamar Jack... Era o nome que a Rainha queria!
A Parteira fechou os olhos por alguns minutos, rezou um pouco e disse:
- Senhor, peço que me perdoe pelo o que irei lhe dizer, mas ele é um Demônio, no primeiro momento do parto sua esposa já estava com as entranhas queimadas, você deve executa-lo...
- Não posso fazer isso... Catarina me odiaria no lugar onde ela estiver, manterei ele vivo, mas o esconderei do mundo, ninguém poderá saber de sua existência...
A Parteira engoliu em seco, suas mãos tremiam e seus olhos estavam vidrados, sua voz mostrava que o medo havia tomado conta dela:
- Mas senhor, como eu farei para esconder de todos? Todos irão me perguntar sobre o parto!
O Rei se manteve em silêncio, levantou-se da cadeira e colocou Jack na cama, sobre os braços do corpo de sua esposa:
- Realmente, todos irão lhe perguntar sobre o parto, contarei o seguinte então, que por complicações, a Rainha e o seu Quarto filho haviam morrido durante o parto, e por algum motivo, a Parteira não apareceu para realizar o trabalho...
- Mas senhor, eu estou aqui!
O Rei sacou a espada que pendia sobre seu cinto e, num gesto rápido, cortou a garganta da Parteira, ela colocou as mãos sobre o rasgo em uma tentativa falha de estancar o sangramento, o Rei olhava fixamente para ela, enquanto agonizava e dava seus últimos suspiros, quando ela finalmente cessou, o Rei pegou o filho dos Braços da esposa, fechou os olhos da mulher que um dia havia amado e saiu do quarto, enquanto pensava no que faria dali em diante, chamou os guardas e ordenou que tocassem o sino, que alertassem sobre a morte da Rainha, e que alguém se livrasse do corpo da Parteira, foi até o grande salão do Castelo, Aaron, Katherine e Elliot esperavam noticias, o Rei olhou para eles e disse:
- A Mãe de vocês não resistiu ao parto!
Katherine ficou em silencio por um tempo, olhou para o pai e caiu de joelhos chorando, Aaron não mudou o rosto, sempre foi instruído a ser forte em tempos difíceis, Elliot chorava baixinho, enquanto o Rei entregou Jack para Aaron e disse:
- Levem seu irmão para a Ama de leite, tenho coisas a fazer, o nome dele é Jack!
Katherine olhou para o Pai, cheia de lagrimas escorrendo pelo seu rosto, tentou dizer alguma coisa, mas nada saiu, ela baixou a cabeça novamente e voltou a chorar, Aaron olhou para Jack e disse:
- Ele cheira a queimado...
O rei apenas virou o rosto e saiu, os deixando a sós...
DEZ ANOS DEPOIS DAQUELA NOITE.
- Por favor, deixe eu brincar com meus irmãos la fora!
A sala do trono estava vazia, apenas seu Pai e os Cavaleiros da Guarda estavam lá para protege-lo, embora estivessem com medo do filho, Jack estava na frente do trono, seus cabelos negros estavam bagunçados, seus olhos eram curiosamente vermelho-escuro, o que reforçava o medo dos Guardas, ele estava bravo:
- Você sabe as regras Garoto, você não pode sair do Castelo!
- E porque meus irmãos podem fazer tantas coisas? Aaron tem aulas para lutar com espadas e se portar como um rei, Katherine pode ter quantos amigos quiser e ainda pode sair pelo reino inteiro e Elliot brinca o dia inteiro, apenas eu não posso fazer nada, o Senhor me tranca no quarto e não me deixa fazer nada!
O Rei se levantou do trono e pegou a espada, a qual ele chamava de "Punição", andou até ficar frente a frente com Jack, que recuou um pouco, mas se mantendo firme, então, em um gesto rápido, o rei fez um corte no braço direito do filho, que urrou de dor, ele caiu no chão gemendo de dor e olhando com medo para o Pai:
- Porque... Fez isso?
- Quem você pensa que é garoto? Você é um estorvo para mim, se você não tivesse nascido, Catarina ainda estaria viva, você tem sorte de eu ainda te considerar um Haydn, você é inútil, você mancha a nossa linhagem...
Ele virou o rosto para o Cavaleiro que estava com um elmo que tinha um formato de uma cabeça de dragão, enquanto Jack olhava para quem ele pensava ser um Pai:
- Sor Louis, leve ele para o quarto dele!
O Cavaleiro pegou Jack pelo braço cortado e o arrastou, o levou até o quarto e fechou a porta, Jack segurou o choro, olhou para o braço, desejando que a dor parasse, até que começou sentir um calor intenso na região do corte, e logo depois, ele cicatrizou, Jack sempre achou normal aquilo, a dor sumia e o ferimento cicatrizava, ele se levantou e olhou para a Janela, viu seu irmão Elliot brincando no Quintal com outras crianças, como desejava poder fazer isso, mas seu Pai não permitia que ele saísse, ele era triste, queria desesperadamente a aprovação dele, queria que ele o amasse como ele amava os irmãos, que lembrasse que naquele dia era o decimo aniversario dele, e o seu quarto frio não ajudava ele a melhorar, o frio se tornava insuportável quanto mais a noite chegava, então, na hora mais fria, Jack levantava a mão e estalava os dedos, uma pequena Chama aparecia sobre sua mão,ele se esquentou, a fez sumir, e por fim, na calada da noite, adormeceu...
VINTE E UM ANOS DEPOIS DAQUELA NOITE.
Jack estava diante de seu Pai, na Sala do trono, seus irmãos olhavam para ele com temor, ou pena, ele confrontava novamente o Rei, questionando suas escolhas e ordens:
- Eu não quero mais isso para mim, eu quero minha liberdade, eu já tenho vinte e um anos, você não pode mais me manter preso!
O Rei estava furioso, seu grito espantou os outros três filhos e os Cavaleiros que observavam a discussão, mas Jack se mantia firme:
- SEU INGRATO, EU TE DEI COMIDA, UM LAR, DEIXEI ATÉ QUE MANTIVESSE O NOME HAYDN!
Jack respondeu no mesmo tom, acusando o Pai:
- EU NUNCA TE PEDI ISSO, VELHO BASTARDO, VOCÊ É LOUCO SE PENSA QUE ALGUÉM GOSTARIA DE VIVER ASSIM!
O Rei olhou para Jack, um olhar que era uma mistura de Indignação e Furia, Aaron ria do irmão, sussurrava para os outros dois que era o fim dele, Katherine olhava triste para ele e Elliot evitava o olhar direto, O Rei levantou do trono e tirou a espada Punição do cinto:
- Isto é para você aprender quem realmente manda aqui, eu não tolero ingratidão!
O Rei desceu até Jack, e fez um movimento circular com a espada, tendo como alvo o braço dele, porém, os olhos vermelhos de Jack começaram a brilhar, que nem fogo, sua mão foi encobrida com um fogo azul, e assim que segurou a espada, ela derreteu, o metal derretido caia no chão, o Rei rapidamente a soltou e segurou a mão com força, a palma de sua mão estava em carne viva, a dor era intensa, Jack deu um sorriso:
- Você não é ninguém, eu não ligo se é meu Pai, O Rei ou Willian Haydn, você não é nada para mim, não tem direito nenhum de me dar ordens, estou indo embora!
Enquanto Jack dava as costas para o Reino e saia em direção ao Mundo, seu pai começou a rir e disse:
- E para onde você vai? Você é um monstro! Ninguém em sã consciência lhe daria abrigo, assim que ir embora eu irei te declarar publicamente como inimigo do Reino, nenhuma pessoa ousaria se opor contra mim, eu vou te caçar até o inferno e farei com que volte pedindo perdão!
Jack parou e virou o rosto para o pai:
- Eu acabei de me opor a você, e não se preocupe, eu voltarei, mas quando o fizer, será para terminar com sua tirania, a qualquer custo!
Jack continuou a andar em direção a saída do Castelo, abriu as portas e respirou o ar fresco, do castelo era possível ver o porto, seu destino havia mudado ali naquele dia, ele não sabia se o fim seria bom ou ruim, não sabia quais consequências suas ações trariam, mas ele pelo menos agora estava livre, e sua vida começaria agora, ele partiu para o Porto, iria embora com alguma embarcação, o que faria dali em diante, ele teria que decidir, mas, sobre uma coisa ele estava decidido, seu Pai pagaria pelas suas ações...
Fim do Prologo.
Autor: Yago Barbosa Coutinho

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